quinta-feira, 3 de outubro de 2013
O IPO, esse bicho de sete cabeças
Sempre ouvi horrores do IPO e sempre tive uma imagem péssima daquele hospital. Não porque achasse que o hospital não funcionava bem, muito pelo contrário, mas porque imaginava um hospital triste, um hospital onde a maior parte dos doentes acabavam por morrer. Afinal de contas, uma pessoa ouve falar em cancro e pensa logo em morte. E todos conhecemos pessoas que ali acabaram por morrer depois de meses e meses de sofrimento. E se há coisa que eu temia - erradamente, claro, que hoje sei e tenho provas de que este é o melhor sítio para tratar cancros - era o dia em que teria de ir para o IPO. Esse dia chegou. Senti-me uma criança assustada que vai pela primeira vez para a escola e que teme tudo. Olhava para todas as pessoas que comigo se cruzavam e tentava perceber qual era o seu problema. Mas, para espanto meu, o IPO era um hospital como os outros e não aquele bicho de sete cabeças que eu criara na minha cabeça. Pessoas tristes, pessoas alegres, pessoas com mazelas visíveis, pessoas cansadas, pessoas tranquilas. Tudo como nos outros hospitais.
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