terça-feira, 29 de outubro de 2013

Ida ao dentista (também conhecida como ida ao mundo do horror)

Depois de ter feito uma radiografia geral aos dentes e de me terem dito que possivelmente dois sisos teriam de saltar fora, apresentei-me no IPO no dia 12 de setembro de 2008 para fazer esse agradável servicinho. Eu ia a modos que apavorada e já a pensar que não iria ser fácil, mas a coisa foi mil vezes pior do que eu imaginava. 

Afinal, não eram dois sisos que iam saltar fora, eram três. E isto porque eram dentes que poderiam dar problemas durante ou após a radioterapia. E, para evitar que isso acontecesse e uma vez que durante um longo período de tempo não se podem tratar dentes devido ao estado de sensibilidade extra em que fica a boca (grande possibilidade de hemorragias e por aí fora), é melhor prevenir. Mas o pior é que eu ainda não abria a boca em condições devido à cirurgia, quanto mais arrancar dentes. 

Mas, pronto, teve de ser e era por uma boa causa. Por isso, resignada e completamente em pânico, escancarei a boca.

- Ora vamos lá à anestesia. E cada vez que ele me espetava aquela agulha tão perto da garganta, ficava logo com vontade de vomitar. O pesadelo estava a começar.

O primeiro dente, do maxilar inferior, saiu num instantinho. Eu nem queria acreditar. Foi nessa altura que amaldiçoei todos aqueles que me tinham descrito autênticos filmes de terror. Quer dizer, tanta coisa, tanta história de faca e alguidar, e afinal era aquilo. Extremamente fácil. Malvados, pensava eu.

Quando começou o segundo, o caso mudou de figura. Foram tentativas e mais tentivas para arrancar o malvado, e nada. O médico puxava de um lado. O assistente de outro. E nada. E eu com os olhinhos fechados, apertava as mãos, uma contra a outra. 
De repente oiço o médico a dizer para o assistente: - Vai buscar-me a broca. Foi nessa altura que comecei a ver a minha vidinha a andar para trás. O dentista ia transformar-se num mineiro. O "capacete" com a luz já ele tinha. Foram brocas e mais brocas. E martelos. A minha boca parecia um bocado de terra a ser perfurada. 

E, no fim, pontos e mais pontos. Eu já nem estava em mim, já nem reagia. Estava apática. O bom disto é que quando pensei que ainda faltava mais um dente, já ele tinha saído cá para fora.

No final e com a boca comprimida por causa das gazes, fui ter com o dr Eduardo Neto como tinha sido combinado para então começarmos os procedimentos da radioterapia dentro de dias.

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