quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Depois da cirurgia

Quando, no dia 29 de julho de 2008, acordei definitivamente após a cirurgia, já eu estava na sala de recobro com visitas a falarem comigo. Sentia-me bem, mas, como nas anteriores cirurgias, com uma má disposição em cima que não lembrava a ninguém. Má disposição que durou até eu vomitar como se o mundo fosse acabar e o meu corpo ficasse ali prostrado (sinto-me sempre assim quando vomito). Depois fiquei ótima, dentro dos possíveis, claro. Recebi mimos de muita gente, mas os melhores foram, sem dúvida, os da minha mãe, que quando me viu desatou a chorar de alegria por me ver "bem" contrariando todos os medos que tinham povoado a sua cabeça naquelas horas de cirurgia.

À noite a coisa não foi tão fácil. Umas dores fortíssimas na cabeça e sono nem vê-lo. Lembro-me de ver passar todas as horas e lembro-me de ter lidado com as minhas insónias escutando as conversas dos enfermeiros que ali faziam turnos na sala de recobro. Parece que tinha havido um diz que disse entre eles. Uma tinha dito mal de um. O outro tinha sabido. E ali andavam eles a tentar resolver aquilo pela madrugada fora enquanto todos os doentes supostamente dormiam. Eu, claro, a fingir-me adormecida e na falta de melhor com que me entreter, ia dando largas à minha veia de cusca e ia-me deliciando com tudo aquilo.

Por fim, amanheceu..

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